Trago manuais p’ra tudo Menos pró que der e vier Chego precavida Com o dom de esquecer Cumpro o que é devido Com excepção do dever Viver… Eu só vim cá ver
Ando a toda a brida Enquanto a vida me der pés p’ra torcer Trouxe a casa às costas E o peito a fugir Sei o que me espera Só me escapa o porvir Viver… Melhor que existir
Viver Viver Viver Viver
Arco a culpa, fujo à falta Durmo na revolta, mas resisto em pé Parto pratos, varro os cacos Armo as mãos p’ra socos e p’ra cafuné
Faço atalhos e cadilhos Lá me prendo aos trilhos que eu correr de cor Esqueço o luto e vou de branco Só me dão desconto se eu fizer pior
Toco à campainha errada Sempre à hora certa p’ra interruptores Sei ser ruiva e sei ter raiva Cor de fogo aviva quem morrer de amores
Fujo à briga e vou à luta: Dedos na batuta, egos por reger Trago a abundância à justa Que nem sempre custa, isso de viver
Já sei o sentido disto tudo Quem mais diz é quem é Queimo a estaca zero Eu recuso o sopé Vou rumo ao mistério Vivo em saltos de fé